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Bem Tombado

ILHA DO PRESÍDIO
   
Nome:
Casa da Pólvora 1910 - V. Calegari
Casa da Pólvora 1910 - V. Calegari
Ilha do Presídio 2014
Ilha do Presídio 2014
Portaria de tombamento
Portaria de tombamento
Prédio da Guarda 2014
Prédio da Guarda 2014
Prédio do presídio 2014
Prédio do presídio 2014
Presídio Político 1965 (Acervo Museu da Polícia Civil RS)
Presídio Político 1965 (Acervo Museu da Polícia Civil RS)
 
ILHA DO PRESÍDIO
Endereço:
Lago Guaíba
Cidade
PORTO ALEGRE
Proprietário Atual:
Estado do Rio Grande do Sul
Uso Atual:
desocupada
Portaria:
96/2014
Número do Processo:
001273-1100/14-3
Número de inscriçao do Livro Tombo:
140 (Histórico) e 06 (Arqueol. Etn. Paisagístico)
Data de inscrição no Livro Tombo:
30/12/2014
Data de Publicação em D.O.
24/12/2014
Observações:

LINK PARA O PROCESSO DE TOMBAMENTO ESTADUAL

A Ilha do Presídio, também conhecida como Ilha das Pedras Brancas ou Ilha da Pólvora, abrigou a quarta casa da pólvora de Porto Alegre. Sua construção teve início em 1857 e foi concluída em 1860. O paiol ali erigido atendia às demandas da cidade e da província e foi utilizado até a década de 1930 pelos militares. Em 1940, o espaço passa a ser administrado pelo Estado, que ali instala um laboratório de pesquisa animal entre os anos de 1947 e 1948. Localizada no lago Guaíba, nos anos 1950 a Ilha é adaptada para funcionar como um presídio de segurança máxima, recebendo jovens acusados de pequenos delitos, menores de idade e doentes mentais.

Com a deflagração do golpe civil-militar, em 1964, a Ilha é transformada em um centro de detenção do aparato repressivo, para onde são enviados opositores do regime. Segundo apurado pela Comissão Estadual da Verdade do RS (2012-2014), Araken Vaz Galvão foi o primeiro cidadão a ser detido na Ilha do Presídio, em 1965, por motivos políticos. O ex-sargento do Exército atuava junto com Manoel Raymundo Soares no Movimento dos Sargentos, que apoiava as Reformas de Base do governo João Goulart. A partir da instauração do regime ditatorial, são cassados pelo Ato Institucional Nº 1 e passam a atuar na clandestinidade. O sequestro, tortura e morte de Manoel Raymundo, em Porto Alegre, constituem um dos fatos mais marcantes que envolvem a história da Ilha. Em 1966, o ex-sargento ficou encarcerado por 5 meses naquela prisão, sendo seu corpo encontrado em 24 de agosto daquele ano, nas águas do Guaíba, com as mãos atadas às costas. Este fato causou grande comoção pública à época e foi amplamente coberto pela imprensa, ficando conhecido como “o caso das mãos amarradas”.

Na década de 1970, dezenas de jovens militantes de movimentos estudantis e de organizações clandestinas de resistência à ditadura foram detidos na Ilha do Presídio. Entre os anos de 1965 e 1973, mais de cem cidadãos aí estiveram presos por motivos políticos, entre os quais: Carlos Araújo, Raul Pont, Índio Vargas, Carlos de Ré, Bona Garcia, Paulo de Tarso Carneiro. Enquanto espaço de detenção, utilizado pelas estruturas do DOPS, do III Exército e da Polícia Militar, a Ilha constituiu também um relevante espaço de resistência às graves violações aos direitos humanos praticadas pelo Estado brasileiro neste período. Na contemporaneidade, é um espaço de memória, carregado de sentidos e de significados, tanto para as pessoas que viveram a ditadura militar, como para aquelas que não a viveram diretamente, mas que têm conhecimento deste período da história do Rio Grande do Sul, do Brasil e da América Latina por meio de monumentos-documentos como a Ilha do Presídio, que é um indiscutível testemunho destes acontecimentos. Sua preservação e a divulgação do que ali se passou é imprescindível para que eventos como estes jamais sejam esquecidos e nunca mais se repitam.

Os difíceis momentos vividos por aqueles que estiveram detidos na Ilha do Presídio somente eram amenizados pela rara beleza do local. A Ilha possui características ambientais e paisagísticas singulares. Ela diferencia-se das demais ilhas do lago Guaíba, fazendo parte de um conjunto de terrenos cristalinos que testemunham a evolução geológica desta região do Estado, a hidrografia e seu relevo atual. Sua beleza natural contrasta com a solidez da arquitetura de seus prédios, relacionada ao uso militar e à exclusão social.

O conjunto arquitetônico da Ilha do Presídio possui duas edificações principais: o Prédio da Guarda e o Prédio do Presídio. O primeiro apresenta paredes externas e alguns pilares no pavimento térreo, que deveriam constituir o apoio do entrepiso (não mais existente, assim como as vigas e a cobertura). Uma circulação externa conduz ao átrio onde se encontra o único vão de acesso ao interior do antigo presídio. O prédio do presídio apresenta um corredor central com cinco celas em cada lado, onde ficavam alojados os presos políticos. Ao fundo há uma sala maior, denominada de “Campo Santo” pelos presos comuns, que ali foram reunidos a partir da chegada dos presos políticos. As construções atuais possivelmente mantêm uma relação com a localização e com as estruturas do antigo paiol da pólvora. A Ilha do Presídio apresenta ainda duas guaritas, de quatro anteriormente existentes, duas caixas d’água e caldeiras metálicas.

As edificações da Ilha, que passaram por processos construtivos e destrutivos, bem como os vestígios das diferentes ocupações em subsolo, possuem significativo valor arqueológico. Além disso, é possível que o espaço tenha sido ocupado por populações pré-coloniais. Por conta deste relevante potencial arqueológico, a Ilha do Presídio foi registrada como Sítio Arqueológico Histórico junto ao IPHAN. No IPHAE, a Ilha do Presídio está inscrita no Livro Tombo Histórico e também no Livro Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.

Fonte: Processo de tombamento estadual.

 

 
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