O acervo consiste em três telas a óleo:

1. CHEGADA DOS AÇORIANOS, de Augusto Luiz de Freitas, 6,30 m X 5,50 m – Roma, 1923;

2. BATALHA DA AZENHA, de Augusto Luiz de Freitas, 5,46 m X 3,76 m – Roma, 1922;

3. EXPEDIÇÃO A LAGUNA, de Lucílio de Albuquerque, 5,45 m X 3,42 m – Rio de Janeiro, 1916.

O mundo artístico, no decorrer do século XIX, voltara-se para a arte clássica. O academicismo era fruto da ortodoxia neoclássica, destacando-se os temas históricos e os retratos. A antiga Academia Imperial de Belas Artes, criada no Rio de Janeiro em 1826, orientava as diretrizes estético-plásticas para os outros estados brasileiros. Valorizava-se o desenho e a harmonia das cores, paralelas ao rigor do método. As telas tombadas são representativas do período final do neoclássico brasileiro, destacando-se por suas grandes dimensões.

Histórico: As três telas foram encomendadas pelo então Presidente do Estado Antônio Augusto Borges de Medeiros na década de 1910, para serem expostas no Palácio Piratini, na época ainda em construção. Foram instaladas no novo palácio após a quinta reeleição de Borges de Medeiros. Durante a Exposição do Centenário Farroupilha, em 1935, foram levadas ao pavilhão cultural da Exposição, atual Instituto de Educação Flores da Cunha, onde permanecem até hoje.

A tela Expedição a Laguna, de Lucílio de Albuquerque (Barras/RJ,1877 - Rio de Janeiro/RJ, 1939), encontra-se ao lado esquerdo da escada localizada no saguão. O artista assinou um contrato, em 1914, pela execução de uma obra pictórica que representaria o “transporte por terra do barco Garibaldi, da Lagoa dos Patos até o Atlântico”, fato histórico ocorrido durante o Movimento Farroupilha. Lucílio estudou na Escola Nacional de Belas Artes e frequentou a academia Julien, de Paris. Participou da Exposição Internacional de Bruxelas e executou os vitrais destinados ao pavilhão brasileiro na Exposição Internacional de Turim. Seu estilo não se restringiu ao acadêmico, mostrando em obras posteriores um comprometimento com a modernidade da época. Sua produção se compõe de quadros com motivos históricos, retratos e, no final da carreira, paisagens naturalistas. Existem obras do pintor no Museu Nacional de Belas Artes e no Museu de Artes e Pinacoteca de São Paulo.

As telas Chegada dos Açorianos e Batalha da Azenha, do pintor gaúcho Luiz de Freitas, estão colocadas respectivamente no centro do primeiro lance da escada central e no seu lado direito. O pintor assinou um contrato para a execução de três grandes telas a óleo, cuja temática seria a história rio-grandense. Augusto Luiz de Freitas (Rio Grande/RS, 1868 – Itália, 1962) morou em Portugal, onde frequentou a Academia Portuguesa de Belas Artes. Retornou a Porto Alegre em 1893 e posteriormente retomou os estudos na Academia Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. No Salão de 1898 conquistou como prêmio uma viagem à Europa. Radicado em Roma, realizou exposições internacionais. Retornando em 1917 para lecionar no Instituto de Belas Artes, em Porto Alegre, revolucionou a cadeira de desenho ao empregar modelos vivos para suas obras. Retornou a Roma e lá recebeu a encomenda das telas históricas para o Palácio Piratini, em 1918. Voltou ao Estado em 1926 para entregá-las pessoalmente a Borges de Medeiros.

As três telas foram restauradas recentemente pela restauradora Leila Sudbrack, tendo como produtor cultural a Associação de Ex-alunos do Instituto de Educação.

Fontes: Processo de tombamento estadual e arquivos IPHAE